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Na cultura ocidental, a morte é uma temática quase sempre evitada, sobretudo pelas delicadas questões que a envolvem. Perda e dor, de maneira simplista, podem ser duas palavras que traduzem a realidade vivenciada neste momento.
As pessoas buscam, de diferentes formas, meios para enfrentar o luto ocasionado pela perda de alguém querido. Embora seja subjetiva a forma de sentir e lidar com a morte, há, geralmente, um denominador comum que respalda os enlutados nesta busca pelo alento: a fé.
“A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11,1). E, é com esta esperança, que se enseja dias melhores, que se cesse a dor, que aquele penoso momento se finde. Aliado à fé, o ritual de despedida daqueles que se foram, compõe este processo. Cada vez mais, observa-se a preferência pela cremação em detrimento de velórios/sepultamentos tradicionais. Eis que aqui surge um impasse para alguns: o que fazer com as cinzas?
No dia 25 de outubro de 2016, a Igreja Católica publicou a instrução “Ad resurgendum cum Christo a propósito da sepultura dos defuntos e da conservação das cinzas da cremação”. A instrução resulta de inúmeras consultas feitas para a Congregação da Doutrina na Fé sobre a conservação e o destino dado às cinzas da cremação.
Segundo o documento, “não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar. Exclui-se, ainda, a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objetos. A conservação das cinzas em casa também não é consentida. As cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim”. Ainda, salienta-se que “a prática da cremação difundiu-se bastante em muitas Nações e, ao mesmo tempo, difundem-se também novas ideias contrastantes com a fé da Igreja”, o que levou à elaboração deste documento pelo Vaticano.
A instrução “Ad resurgendum cum Christo” reitera os ensinamentos sobre a ressurreição de Cristo, verdade culminante da fé cristã e, a partir dela, a origem da fé na ressurreição daqueles que morrem em Cristo. Em seguida, a instrução reafirma a tradição cristã sobre o sepultamento dos mortos em cemitérios ou em lugares sagrados.
Destaca-se, a seguir, alguns trechos na íntegra do referido documento:
”Onde por razões de tipo higiénico, económico ou social se escolhe a cremação; escolha que não deve ser contrária à vontade explícita ou razoavelmente presumível do fiel defunto, a Igreja não vê razões doutrinais para impedir tal práxis; uma vez que a cremação do cadáver não toca o espírito e não impede à omnipotência divina de ressuscitar o corpo. Por isso, tal facto, não implica uma razão objectiva que negue a doutrina cristã sobre a imortalidade da alma e da ressurreição dos corpos.[13]
Na ausência de motivações contrárias à doutrina cristã, a Igreja, depois da celebração das exéquias, acompanha a escolha da cremação seguindo as respectivas indicações litúrgicas e pastorais, evitando qualquer tipo de escândalo ou de indiferentismo religioso.
Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica.
Desde o início os cristãos desejaram que os seus defuntos fossem objecto de orações e de memória por parte da comunidade cristã. Os seus túmulos tornaram-se lugares de oração, de memória e de reflexão. Os fiéis defuntos fazem parte da Igreja, que crê na comunhão “dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja”.[15]
A conservação das cinzas num lugar sagrado pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os defuntos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã. Por outro lado, deste modo, se evita a possibilidade de esquecimento ou falta de respeito que podem acontecer, sobretudo depois de passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas.
Roma, Congregação para a Doutrina da Fé, 15 de Agosto de 2016, Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria.
Nota-se, a partir desta instrução, um forte apelo pelo respeito e cuidado com as cinzas, pontos que são primordiais e integram a homenagem do BioParque. Pautado neste respeito e cuidado, o BioParque possui o consentimento da Arquidiocese de Belo Horizonte para apresentar seu conceito aos fiéis. Neste ínterim, tem-se o apoio direto de importantes igrejas da região como, por exemplo, a Igreja Bom Jesus do Vale, dirigida pelo padre Alexandre Fernandes, e a paróquia de Nossa Senhora de Fátima, dirigida pelo padre Fernando Lopes.
Embora muitas denominações evangélicas possuam orientações próprias, a grande maioria não se opõe ou apresenta alguma objeção à cremação. “Numa análise completa da Bíblia não encontramos qualquer proibição ou indicação referente ao modo correto ou incorreto de sepultamento dos corpos dos falecidos. Sendo assim, qualquer pessoa, baseada em seus desejos e condições pessoais, pode optar ou não pela cremação sem qualquer problema. A cremação não é pecado e não causa qualquer problema de ordem espiritual nem para a pessoa nem para a família. Aliás, é uma forma extremamente moderna e ecologicamente correta de lidarmos com os corpos de pessoas falecidas” (Presbítero André Sanchez).
“A cremação é uma tradição de quase 3 mil anos. “Para as religiões do Oriente, queimar o cadáver é uma prática consagrada. O fogo tem uma função purificadora, eliminando os defeitos da pessoa e libertando a alma”, diz o perito criminal Ugo Frugoli. No mundo ocidental, por volta do século 10 a.C., os gregos já queimavam em fogo aberto corpos de soldados mortos na guerra e enviavam as cinzas para sua terra natal” (Superinteressante, 2011).
Ressalta-se que, o BioParque tem um conceito ecumênico, acolhendo a todos que desejam prestar uma homenagem a um ente querido já falecido.
A percepção acerca da homenagem BioParque, trazida por aqueles que a realizaram, poderia ser compilada em uma sentença única: “é um momento belo que, com leveza e serenidade, nos permite dizer adeus aqueles que se foram e deixar gravadas as belas memórias”.
Conheça mais sobre a homenagem BioParque em: www.bioparquebrasil.com.br.
Deixe o BioParque, a natureza e a vida surpreenderem você!
MT/TT
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Referências:
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20160815_ad-resurgendum-cum-christo_po.html
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-feita-a-cremacao-de-cadaveres/
https://www.esbocandoideias.com/2016/12/cremacao-e-pecado.html